quarta-feira, 30 de outubro de 2013

25/10 - Seminário debate educação libertadora

Seminário educacional organizado pelo CPERS/Sindicato discutiu, no dia 25 de outubro, em Porto Alegre, o tema “Educação Libertadora e o Papel dos Educadores”. O encontro teve duas mesas. A primeira, pela manhã, abordou “Concepção de Educação Libertadora x Políticas Educacionais de Dilma e Tarso”, e a segunda, realizada à tarde, discutiu “O Ensino Politécnico e Sua Concepção e a Visão dos Professores, Funcionários e Comunidade Escolar no Processo Educacional”.
Na primeira mesa, a professora de História Maria Luiza de Castro Smielewski falou sobre os “pacotes” oferecidos pelas empresas e o papel do professor na aplicação destes pacotes. E isso se dá com a adequação das escolas às diferentes reformas curriculares. Segundo a professora, as mudanças colocadas em prática na educação no Brasil estão mais voltadas a atender os interesses do mercado de produção, com o esvaziamento natural da formação inicial.
O tema também foi abordado pelo professor de História e dirigente da Apeoesp Matheus Lima. Em relato da experiência de São Paulo, disse que a expansão da rede aconteceu sem que houvesse aportes. Segundo afirma, a experiência paulista pauta-se pela realização de avaliações externas, com a criação de ranking que determina se determinada escola apresenta sucesso ou fracasso. “As escolas, tais quais indústrias, têm índices a serem alcançados”. A bonificação exige que o professor siga a cartilha imposta pelo governo, atinja metas e garanta a aprovação.

Na mesma mesa, a professora de História e diretora do SEPE/RJ Thaís Souza Coutinho Fontes fez um breve relato da luta travada pelos professores das redes estadual e municipais do Rio de Janeiro. Conforme ela, a histórica greve realizada no município do Rio de Janeiro serviu, sobretudo, para colocar a pauta da educação na sociedade. Criticou o fato de os filhos da burguesia terem acesso ao ensino integral enquanto os filhos dos trabalhadores são deslocados rapidamente para o mercado de trabalho.

Os trabalhos no período da tarde começaram com um painel com o professor de Letras e Filosofia Rui Paulo Sartoretto, que fez um apanhado mundial do modelo de ensino politécnico. Lembrou o processo italiano que criou dois tipos de escolas, uma para as classes menos favorecidas e outra para as classes dominantes. Neste modelo, a escola pública acaba rebaixada a ser meramente formadora de mão de obra. 

Sartoretto criticou a proposta implantada no ensino médio no Rio Grande do Sul, que “tem como objetivo formar empregados, sem preocupação com o desenvolvimento da consciência crítica”. De acordo com ele, a reforma irá alargar a distância entre os filhos dos trabalhadores e àqueles que exercerão cargos de direção. Sartoretto entende que a educação politécnica pressupõe escolas com infraestrutura adequada, turno integral, escolas unitárias e profissionais engajados.
Já a Pedagoga Vera de Fátima dos Santos, do Instituto Estadual Paulo Freire, de Uruguaiana, ressaltou que uma escola pública tem que ser feita por quem a constrói. Ela fez um relato da experiência desenvolvida no Paulo Freire, que envolve trabalhos feitos com base em pesquisas desenvolvidas pelos educadores em parceria com os educandos e com a comunidade. Abordou também a importância de o trabalho desenvolvido estar associado à relação que o ser humano mantém com a natureza e a necessidade de ele se apropriar dos espaços de intervenção na realidade a qual se encontra inserido.

Para a agente educacional e diretora-geral do 13º Núcleo do CPERS/Sindicato, com sede no município de Osório, os funcionários de escola sofrem com o assédio moral e com as péssimas condições de trabalho. Sobre a reforma do ensino médio, ela lembrou que “em momento algum os funcionários foram chamados para discuti-la”. Segundo Marli, a sobrecarga de trabalho é algo assustador. “Serventes são obrigadas a ajudar na cozinha, se não agirem desta forma são ameaçadas com remanejamentos”, denunciou. Disse ainda que os profissionais com contratos emergenciais acabam abandonando suas funções por não suportarem a excessiva carga de trabalho.

Por sua vez, o estudante Brandon Cordeiro disse que a reforma imposta pelo governo levou o caos às escolas. Foi, segundo ele, uma reforma feita sem qualquer investimento nas estruturas das escolas, em bibliotecas e laboratórios. Ressaltou a decisão dos alunos de aderirem à greve dos educadores. O processo da greve ajudou na organização dos estudantes, que hoje continuam mobilizados e denunciando o que está acontecendo com a educação pública no Rio Grande do Sul.

O encontro foi encerrado com a leitura de uma resolução elaborada pelo CPERS/Sindicato que irá orientar, nos próximos meses, o debate nas escolas sobre o projeto educacional defendido pela categoria.
 

Abaixo fotos de representantes do 35º Núcleo no Seminário:


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35º NÚCLEO - CPERS/SINDICATO